Técnico em Agropecuária
CETEP
MODULO 1 - 2015
ZOOTECNIA
Descorna e Mochação
De maneira geral, os animais de fazendas leiteiras são descornados com o objetivo de ser evitar acidentes, principalmente com tratadores, além de lesões a outros animais, numa eventual disputa no rebanho.
Assim, para se evitar o seu crescimento, os chifres e o tecido circundante são retirados utilizando-se uma variedade de métodos, como a cauterização por calor ou química e a cirurgia. Recomenda-se que a descorna seja feita quando a bezerra tenha idade inferior a 3 meses, devido a mais rápida cicatrização. Entretanto, o procedimento deve ser evitado durante as semanas anteriores e posteriores ao desaleitamento, período de intensas alterações na rotina de vida do animal. A recomendação de descorna antes dos 3 meses de idade é importante porque, após este período, com o desenvolvimento dos chifres, haverá necessidade da remoção cirúrgica, um processo bem mais trabalhoso e doloroso ao animal.




A escolha do método depende em grande parte da experiência e preferência do produtor, entretanto, a utilização do ferro quente e a cauterização química são os métodos mais utilizados. A prática de campo mostra que quando se opta pela utilização do ferro quente, é necessário maior atenção e trabalho, principalmente devido à necessidade de contenção do animal durante o procedimento, além da dor pós-operatória durante as horas seguintes e problemas com inflamações em situações de procedimento realizado de forma inadequada.
Atualmente, é crescente o apelo da sociedade em relação às práticas de manejo visando o bem-estar animal. Assim, estudos têm mostrado que a administração de uma combinação de anestésico local e drogas anti-inflamatórias podem reduzir a dor e o sofrimento associado ao procedimento de descorna. A administração de um anestésico local pode reduzir os comportamentos associados com a imediata resposta à dor (por exemplo, abanar a cauda, movimentos de sacudir a cabeça, coices) e os indicativos de dor pós-operatória (esfregar a cabeça insistentemente, sacudir a cabeça e orelha, além de apatia).
Embora seja bem estabelecido que os anestésicos locais sejam eficazes na redução da resposta à dor imediata após a descorna, seu uso na maioria das vezes parece ser insuficiente por duas razoes principais. A primeira delas é que as bezerras respondem à dor não só devido ao procedimento de descorna, mas, principalmente, pelo estresse devido à necessidade de contenção. Um segundo aspecto negativo é que o anestésico não fornece alívio adequado da dor pós-operatória. Por isso, após cerca de 2 ou 3 horas da administração, os animais começam a sentir dor local.
Entretanto, poucos estudos com a administração da pasta cáustica foram desenvolvidos. Um destes estudos mostrou que o comportamento relacionado à dor nos animais com a utilização da pasta cáustica é bastante semelhante ao método com o ferro quente (Morisse et al., 1995).
Com base nestes questionamentos, uma equipe liderada pelo professor D.M. Weary (Vickers et al., 2005) desenvolveu um estudo bastante interessante, com o objetivo de avaliar os efeitos do método de descorna (ferro quente ou pasta caustica) no comportamento de bezerras leiteiras no pré e pós procedimento.
O estudo avaliou 36 bezerras, criadas de maneira semelhante, alimentadas com sucedâneo comercial 2 vezes ao dia (5% do PV), com livre acesso a água e concentrado inicial.
Em seguida, os animais foram divididos em 4 grupos, de acordo com um tratamento testado, em 2 experimentos distintos, e o comportamento de cada grupo foi avaliado nas 12 horas seguintes, após a descorna:
Experimento 1:
1) Pasta cáustica + sedativo + anestésico local;
2) Pasta cáustica + sedativo (sem anestésico local).
Experimento 2:
1) Ferro quente + anestésico local
2) Pasta cáustica + anestésico local
Os resultados do experimento 1 mostraram que os animais tratados somente com sedativo apresentaram pouca inquietação e comportamento típico de dor durante as 4 horas após a aplicação da pasta. Entretanto, os animais tratados com sedativo e anestésico local apresentaram intenso comportamento relacionado à dor, exatamente no período entre 1 e 4 horas após a descorna, quando o efeito anestésico da medicação começava a perder efeito (Figura 1).
Figura 1. Comportamento de bezerras (número de vezes por hora, realizando atividade relacionada à dor) descornadas com a utilização de pasta cáustica, com ou sem a administração de sedativo.
No experimento 2, as resposta foram semelhantes, em relação ao tempo de respostas de dor, que foram mais frequentes entre 1 e 4 horas após a descorna. Neste experimento, observou-se que os animais descornados com a utilização do ferro quente apresentaram, nas primeiras horas, maior inquietação, com maiores transições entre a posição deitado e em pé neste período e comportamento de balançar a cabeça. Porém, em relação ao comportamento de esfregar (coçar) a cabeça, não foram observadas diferenças entre os animais tratados com o ferro quente ou com a pasta cáustica, embora ambos apresentassem este comportamento (Figura 2).
Figura 2. Comportamento de bezerros (número de vezes realizando atividade relacionada à dor) descornados com a utilização de ferro quente ou pasta cáustica, com a administração de sedativo.
Em resumo, os resultados destes experimentos mostram que, em relação à resposta à dor, a utilização da pasta cáustica ou do ferro quente apresenta respostas semelhantes.
Outro resultado interessante é em relação à administração do anestésico local com o objetivo de diminuir a dor do procedimento. Neste trabalho, ficou evidente que a aplicação do anestésico, conforme previsto, não resultou em alívio da dor, principalmente nas primeiras horas após a descorna. Com base nos resultados deste trabalho, podemos concluir que a administração de sedativo parece resultar em melhor conforto e reduzir o estresse do animal no momento da descorna. Por outro lado, embora os resultados sejam positivos, sua utilização necessita de acompanhamento de um veterinário, para assim evitar problemas decorrentes da sua utilização incorreta.
Bibliografia consultada
Faulkner P.M.; Weary, D.M. Reducing pain after dehorning in dairy calves J. Dairy Sci 83:2037-2041, 2000.
Morisse, J.P., Cotte, J.P. Huonnic D. Effect of dehorning on behavior and plasma cortisol responses in young calves. Appl. Anim. Behav. Sci. 43:239-247, 1995.
Vickers, K.J.; Niel, L.; Kiehlbauch, L.M.; Weary D.M. Calf response to caustic paste and hot-iron dehorning using sedation with and without local anesthetic J. Dairy Sci. 88:1454-1459, 2005.


APICULTURA
A apicultura é uma atividade que consiste na exploração comercial das abelhas para produção de mel, pólen, geléia real e própolis. Depende de o produtor direcionar sua atividade para o que mais lhe convier ou atender a demanda do mercado. Um dos principais produtos da nossa apicultura nacional é o mel.
Atualmente os principais países exportadores de mel são a Argentina (detentora de 84,17% das exportações mundiais) e a China (26,59% da exportação mundial). Entretanto nos três últimos anos esses países tiveram grandes problemas de comercialização, o que gerou um aumento da demanda do mercado mundial e fez com que o Brasil tivesse um aumento no preço pago ao apicultor.
O aumento do valor monetário do mel, fez com que diversos apicultores aumentassem sua produção e outros fora da atividade entrassem para a mesma. Porém para uma boa produção das colméias é necessário uma quantidade de flora capaz de fornecer néctar e pólen durante todo o ano para as abelhas. Em muitos casos é indicada a suplementação com diferentes alimentos (farelo de soja, farinha láctea, farelo de polpa de citrus...)
Os principais produtos da apicultura são:
-Geléia Real: esse alimento é produzido dentro da colméia visando a alimentação dos embriões de abelha com até 3 dias de idade e para a alimentação de toda vida da abelha rainha (a única que se alimenta integralmente de geléia real). É um alimento altamente protéico e altamente valorizado no mercado para a alimentação humana (diz haver propriedades terapêuticas, mas ainda não há comprovação cientifica).
-Própolis: A própolis pode ser obtida mediante algumas técnicas de produção (por exemplo, colocar alguns “calços” na tampa da caixa da colméia). É uma substância de aspecto pegajoso e sua cor depende da florada existente na região (geralmente varia de verde escuro a preto). Sua função natural na colméia é de higienização (a própolis é bactericida), muita usada para fabricação dos mais diversos medicamentos. Há um grande interesse no Japão atualmente em exportar nossa própolis verde (eles acreditam que as propriedades terapêuticas desse tipo de própolis são maiores).
-Mel: Substância altamente energética, rico alimento consumido desde os tempos mais antigos. É rico também em aminoácidos e sua função na colméia é de alimentação das abelhas. É utilizado nos mais diferentes pratos da alimentação humana. A necessidade atual é fortalecer o mercado interno, pois o consumo per capita de mel dos brasileiros é muito baixo, comparado, por exemplo, com o dos argentinos.
-Pólen: Serve de reserva de alimento para as abelhas. É um alimento rico em proteína, mas não tão comumente utilizado para alimentação humana, apesar de toda sua riqueza nutricional.
CAPRINOCULTURA
A cabra foi um dos primeiros animais criados pelo homem com o intuito de produzir alimento, no Brasil esses animais foram trazidos pelos portugueses, franceses e holandeses. A distribuição atual do rebanho nacional é desigual, sendo que praticamente todo o nosso rebanho (90%) encontra-se na região Nordeste, geralmente em pequenas criações e com intuito básico de uma criação de subsistência das famílias mais humildes (produção de carne, leite e couro).
Os caprinos são animais pequenos, rústicos (adaptados aos mais diferentes ambientes) e ainda capazes de enfrentar grandes adversidades (climas diferentes, escassez de alimento...).
Principais vantagens da criação de cabras:
-Tamanho (menor consumo de alimento, maior número de animais/área);
-Eficiente substituta para a produção de leite onde há problemas de exploração de leite de vaca (por exemplo, em áreas muito declives);
-Podem ser exploradas nos mais diferentes tipos de manejo (fácil manejo em criações intensivas ou extensivas);
-Importante valor social (menor investimento, subsistência para famílias carentes, uso de pequenas áreas = adaptação aos pequenos produtores, menor produção leiteira, porém maior valor agregado ao produto).
As raças de caprinos mais utilizadas comercialmente derivam-se basicamente de três troncos: Europeu (raças Parda Alemã, Alpina Francesa, Saanen, Toggenburg...), Africano (raças Bhuji, Anglo Nubiana...) e Ásiatico (Chachimira, Angorá).
Tratando-se da alimentação dos animais, as cabras podem ser consideradas como pequenos ruminantes (classificação idêntica das vacas) e, portanto receberem alimentação semelhante. Podem ser fornecidos Concentrados (grãos como milhos, soja), forrageiras (braquiarias, panicuns...), silagens, etc...
No referente as instalações, as cabras podem ser criadas em regimes intensivos (utilização de baias dos mais diversos modelos, denominadas “capris”) e podem ser criadas em regimes extensivos (uso de piquetes como na criação de bovinos). É de suma importância separar os lotes por idade, além de vermifugar pelo menos 2 vezes ao ano os animais.
OVINOCULTURA
O temperamento naturalmente dócil do carneiro, fez com que o mesmo (juntamente com o cão, a vaca e a cabra) fosse um dos primeiros animais criados com finalidade de alimentação para o homem. Os ovinos são mais adaptados ao frio, tanto é que em nosso país a maior parte do rebanho se encontra no Sul (clima mais adequado à maioria das raças).
Os principais produtos gerados pela ovinocultura são:
-Lã: apesar de a lã sintética dominar praticamente todo o mercado, a lã natural ainda é valorizada e tem seu valor agregado;
-Peles: são produzidas por raças especializadas (Astracã e Persianas) e podem ser comercializadas de várias formas (cruas, salgadas...);
-Leite: algumas raças podem chegar a produzir 4 litros/dia, destinando essa produção para o processamento em queijo;
-Carne: Alguns países têm uma tradição de consumo de carne de carneiro, o Brasil atualmente importa quase tudo o que consome;
-Esterco: é um co-produto da criação de ovinos, bastante valorizado para adubação.
As principais condições climáticas para as criações de carneiro são altos índices pluviométricos e clima frio. Tratando-se de alimentação, devemos prezar pelos hábitos naturais dos carneiros (pastagem rasteira), sempre prezando pelo bom valor nutricional das mesmas. Para o cálculo de ingestão de água dos mesmos devemos considerar que cada animal ingere uma média de 5 litros de água/dia.
Algumas definições importantes na ovinocultura:
-Velo: cobertura natural (lã) do carneiro;-Cordeiro: carneiro de até 7 meses de idade;-Borrego: carneiro até 15 meses;-Cascarreio: tosquia higiênica da fêmea em torno do aparelho reprodutivo.
AVICULTURA
A avicultura nos moldes que conhecemos hoje surgiu nos Estados Unidos, quando pequenos produtores se uniram para barganhar preço de insumos. Os avanços encontrados nos últimos 30 anos, só foram possíveis com altos investimentos em tecnologia (principalmente melhoramento genético), fazendo com que a atividade chegasse ao patamar de uma das atividades mais competitiva do mundo.
Avanços em todos os campos de produção também não podem ser renegados, campos como a alimentação (desde melhoramentos genéticos da soja e milho que permitiram cultivos mais produtivos) e referentes as instalações (equipamentos que permitem a climatização dos galpões) fazem a atividade se tornar um sucesso.
Tratando-se de mercado, podemos ainda mostrar a mudança de hábito dos últimos anos no consumo de carne de frango. Até praticamente duas décadas atrás (quando a avicultura de corte ainda galgava seus primeiros degraus no cenário nacional) o consumo de frango era considerado um “luxo” pelos brasileiros. Após o plano Real a realidade se transformou e o frango passou a ser visto como alternativa para a população.
A produção de frangos de corte em nosso país geralmente se dá através de integração entre as agroindústrias e os produtores. A agroindústria fica responsável por fornecer todos os meios de produção ao produtor (pintainhos e alimentação) e o produtor fica responsável por produzir (mão-de-obra, instalações) o animal até a fase de abate e entregá-lo a empresa com quem se firma o contrato, raramente encontra-se um produtor privado neste setor.
Já em relação à avicultura de postura (produção de ovos) a situação não é a mesma. Os principais produtores de ovos são grandes empreendedores e ainda existem alguns casos de relativo sucesso de cooperativas de pequenos produtores.
Consumo per capita de carne de frango (Kg/habitante/ano)
Todos esses significativos avanços fazem o Brasil ser hoje o terceiro maior produtor mundial e o líder mundial em exportação, a carne de frango é o segundo produto do agronegócio. Há ainda muito a desenvolver nesta área, principalmente desenvolver o mercado interno (aumentar o consumo por habitante) e proporcionar maior subsídios para que os produtores possam aumentar ou mudar para o setor de aves. Há ainda o gargalo na produção de ovos, pois a produção nacional visa apenas abastecer o mercado interno, tendo portanto uma visão diferenciada da avicultura de corte, cujo o principal foco é a exportação.

SUINOCULTURA
Previamente a construção da granja de suínos, os técnicos responsáveis devem realizar um estudo detalhado do clima e do local, observando principalmente varáveis como o clima do local, umidade, temperatura e intensidade do vento. Deve-se considerar que a temperatura de conforto térmico dos animais varia de acordo com a sua fase de vida, sendo que nas fases iniciais (leitão até a desmama), há uma necessidade de maiores temperaturas (29 – 31ºC) que durante as fases de terminação (12 – 21ºC).
Cuidados a tomar durante a construção das instalações:
-Localização que deve contar com espaço suficiente para instalação dos galpões e possível expansão da atividade além de questões de biosegurança (distância de outras criações) e a escolha desse local deve ser de tal modo que se aproveite as vantagens para circulação natural do ar;
-Evitar obstrução do ar por outras construções (distância mínima entre os galpões de 10 vezes a altura da instalação), barreiras naturais ou artificiais;
-Orientação dos galpões deve ser no sentido leste-oeste pois assim diminui a carga calorífica das instalações;
-Pé-direito: sua altura influencia diretamente a ventilação e a quantidade de energia radiante sobre os animais, deve ficar em torno de 3,0 – 3,5m;
-Comprimento: deve ser estabelecido com base no planejamento da produção, deve-se evitar áreas que seja necessário o uso de terraplanagem e atentar para os sistemas de distribuição de água;
-Cobertura: existe mais variados tipos de materiais para se fazer a cobertura, porém a mais recomendável é a de cerâmica que proporciona uma melhor ambiência, ainda podendo fazer uso de forro;
-Uso de sombreamento (árvores).
As instalações devem ser divididas por fase:
-pré-cobrição e gestação: os animais ficarão alojados em baias coletivas, as fêmeas de reposição até o primeiro parto e as porcas a partir de 28 dias de gestação;
-maternidade: 2 ambientes distintos (porcas e leitões), uso obrigatório de escamoteador para os leitões;
-creche: edificação para leitões desmamados, baias de piso ripado ou parcialmente ripado;
-crescimento e terminação: destina-se ao crescimento e terminação dos animais, desde a fase da saída da creche até a comercialização.
PISCICULTURA
A primeira premissa para o planejamento de qualquer empresa é estabelecer objetivos claros. No caso da criação de peixes é essencial saber para quem se vai produzir. O perfil do consumidor vai designar quase tudo, como, pôr exemplo, quais as espécies a serem criadas e que terão mais aceitação no início do empreendimento. O consumidor é também quem vai determinar o tamanho de sua criação, partir da estimativa de potencial de consumo. O consumidor é o principal dos três segnentos que compõem o chamado "mercado". )s outros dois são os fornecedores e os concorrentes. Esses três segmentos constituem o universo em que o empresário vai se movimentar. Sem conhecê-los o empreendedor caminha no escuro, portanto deve estudá-los. como já foi afirmado anteriormente, o negócio de criação de peixes tem inúmeras possibilidades. Mas, dentro do planejamento, é necessário, em primeiro lugar, definir para quem se pretende vender. A comercialização de peixes é feita para restaurantes, feiras livres, supermercados, peixarias e pesque-pague, tipo de negócio derivado da piscicultura, voltado para o lazer e que vem se desenvolvendo de forma acelerada será analisado em capítulo à parte. A venda dos peixes pode ser feita diretamente aos estabelecimentos ou pôr intermédio de Associações de Aqúicultores. Estas associações congregam pequenos produtores e servem para reunir a produção encomendada pôr consumidores de grandes quantidades, como os supermercados, pôr exemplo. Na avaliação do piscicultor José Jurandir de Paiva, o 'Juca Paiva" da fazenda Estiva, em Luziânia-GO, até recentemente o mercado consumidor de peixes era restrito e tinha sua produção principal basicamente destinada ao consumo da Semana Santa. Para ele, com o advento dos pesque-pague o consumo cresceu e se prolongou pôr vários períodos do anos ; O criador afirma que tudo que produzir será comprado pêlos pesque-pague. No que se refere ao consumo direto é necessário ter um quadro bem fiel à realidade. Pesquisas sobre o mercado consumidor de peixes revelam que o brasileiro não tem o hábito de consumir a carne de peixe, que de longe é superada pelo consumo das carnes de aves, bovinos e suínos. Um dos fatores mais desestimulantes ao consumo, em relação aos demais tipos de carnes à venda no mercado, é a relação preço l kg. O quilograma do peixe, dependendo da espécie, pode chegar a custar vinte vezes mais que o mesmo peso em carne de frango. Apesar da grande extensão litorânea e da quantidade de bacias fluviais, no ranking mundial de consumo de carne de peixe, o Brasil é um dos países que estão no fim da fila, como pode-se observar no quadro a seguir:

RANICULTURA
Anfíbio Anuro da família Ranidae, a rã é encontrada por todo o mundo, a exceção da região polar e dos desertos mais áridos. Em regiões tropicais encontram-se as mais variadas espécies. Vivem alternadamente em terra e na água, por isso preferem áreas úmidas, preferencialmente próximas a lagos, banhados, riachos, etc. A maior parte das espécies de rãs, diferente de sapos e pererecas, tem hábitos predominantemente aquáticos.
A pele das rãs é macia e lisa, diferente da pele dos sapos, que é seca e parece áspera. As rãs respiram principalmente pela pele, embora depois de adultas contem também com pulmões. Seus olhos possuem membrana nictante (terceira pálpebra) e são saltados, o que possibilita que vejam em quase todas as direções. Devido à largura de suas patas traseiras, são excelentes saltadoras, assim como são excelentes nadadoras. A língua das rãs é pegajosa, o que facilita o anfíbio na captura de suas presas.
Geralmente, as rãs são carnívoras, alimentando-se dos mais variados insetos, de vermes, caramujos, lesmas e de pequenos animais. Seus principais predadores são aves, cobras e peixes carnívoros, sobretudo na fase larval. Somente algumas espécies de rãs possuem glândulas paratóides produtoras de veneno, como mecanismo de proteção. A carne de rã é muito apreciada pelo homem, no entanto, geralmente é proveniente de criação de rãs (ranicultura).
As rãs emitem sons variados, seja para demarcar seu território, seja para atrair as fêmeas. Rãs são ovíparas, ou seja, nascem de ovos. Na época da reprodução, machos e fêmeas encontram-se para o acasalamento, que dura aproximadamente 24 horas. Já na água, a fêmea põe entre 2000 e 3000 ovos. Em seguida, os ovos são cobertos pelo esperma do macho e por uma massa gelatinosa e/ou espumosa que protege os ovos. Dos ovos nascem os girinos, que permanecem na água, pois não tem patas e possuem cauda. Na fase larval a respiração ocorre por guelras, como os peixes. Os girinos tornam-se rãs quando, além de desenvolverem as patas e “perderem” a cauda, passam a ter respiração cutânea e pulmonar. Ou seja, as rãs passam por uma metamorfose completa: fase de ovo, larval e adulta. Essa transformação dura, em média, 11 semanas.
A ranicultura ainda não é totalmente explorada. Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae (2010), “o mercado potencial é de cerca de três vezes superior à oferta”, ou seja, o mercado está em franca expansão. Das várias espécies de rãs, a mais propícia para a criação em cativeiro é a Rã-Touro Gigante, devido as suas características zootécnicas como precocidade, prolificidade e rusticidade (SEBRAE, 2010).
BOVINOCULTURA
Bovinocultura é parte da zootecnia especial que trata das técnicas para a criação de bovinos.
A bovinocultura tem múltiplas finalidades dentro da produção de matérias primas e trabalho. Embora restrito nos dias atuais, no passado o trabalho bovino foi fundamental nos transportes (tração de carros e montaria), na lavoura (tração de implementos agrícolas, como o arado) e no lazer (tauromaquia grega e egípcia, a tourada ibérica, o rodeio moderno).
Além da carne, do leite e do couro, o boi fornece ainda outras matérias primas como os fâneros, ossos e vísceras. Também no passado o estrume foi considerado fundamental para refertilização dos campos agricultáveis.
Como atividade econômica a bovinocultura se insere na pecuária, a principal delas em muitos países, e como ciência se desenvolve dentro das universidades, institutos de pesquisas e entre os zootecnista que a praticam no campo.
A bovinocultura, como arte de criar, demanda conhecimento do bovino e do seu ambiente criatório. Portanto necessário, por um lado, conhecer sua reprodução, suas características raciais, seu comportamento e suas necessidades nutricionais. Por outro lado é preciso saber manejar as pastagens, sua principal fonte de alimentação; as doenças que os atacam e como preveni-las e conhecer as construções e instalações para manter bovinos.
Ao final de 2005 a bovinocultura brasileira era praticada em quatro milhões de propriedades rurais, envolvendo 200 milhões de cabeças, 28 milhões das quais foram abatidas em frigoríficos oficiais para consumo interno e exportação e mais cerca de 10 milhões tiveram outro tipo de abate (38 milhões foi o número de peles bovinas processadas nos curtumes brasileiros). Neste mesmo ano o Brasil se tornou o maior produtor (8,5 milhões de toneladas de carcaças) e maior exportador de carne bovina. A produção de leite comercializado sob supervisão oficial foi de 16 milhões de litros.
Os maiores produtores brasileiros são os estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
Bovinos de Corte
A pecuária de corte nacional é uma das principais atividades de exploração econômica do país, caracterizava-se antigamente pelo atraso tecnológico, gestão familiar e principalmente a resistência ao uso das tecnologias da área.
Hoje o cenário diferencia-se um pouco, com uma nova imagem da propriedade rural, que em muitos casos já é administrada como uma empresa. Segundo Barcellos et al (2005), o uso de tecnologias que ajudaram a tecnificar a pecuária de corte, foram principalmente: A suplementação dos animais, utilização de misturas minerais, avanço na seleção das forrageiras, a utilização da seleção genética nas propriedades (principalmente pelo uso de touros selecionados) e o cruzamento das raças (permitindo uma diminuição do tempo do ciclo da atividade).
Raças de bovinos
Uma das principais decisões do pecuarista ao iniciar ou mudar a atividade de pecuária é quanto a escolha da raça que será criada, pode-se destacar algumas raças, porém a decisão deve ser tomada com bom senso. O pecuarista deve saber a realidade de sua propriedade e o nível de tecnologia que almejará empregar e assim escolher a raça a ser criada. Existem raças mais precoces e outras mais tardias, porém o nível de exigência delas varia, principalmente quanto ao clima e alimentação fornecida. Definimos como “aptidão” a finalidade para qual a raça é mais produtiva, então podemos ter raças de aptidão de corte, aptidão para leite e de dupla aptidão (servem tanto para a produção de corte como para produção de leite). Algumas raças indicadas para a produção de corte:
Nelore: responsável por 80% do rebanho nacional, o nelore apresenta excelente adaptação as regiões mais quentes do país (trata-se de uma raça de origem indiana) além de resistência a restrições alimentares;
Angus: raça de origem européia, produz carnes com excelentes características de maciez e sabor, trata-se de uma raça com terminação mais precoce quando comparado ao nelore, porém a exigência principalmente quanto a alimentação é maior;
Brahman: trata-se de um cruzamento criado nos Estados Unidos entre as principais raças zebuínas, é uma excelente raça para cruzamento industrial, pela origem é uma raça com boa adaptação ao nosso país;
Brangus: raça oriunda do cruzamento do Brahman X Angus, a principal característica da carne dessa raça é a excelente marmorização, muito utilizada nos confinamentos devido ao seu elevado ganho de peso e precocidade.
Bovinos de Leite
A principal função da vaca de leiteira é a produção de leite, então podemos considerar a mesma como ma máquina, devendo dar atenção as “revisões” e “manutenções”. Sabemos também que temos de duas a três ordenhas diárias, portanto é necessário adquirirmos hábitos e características que maximizem a mão-de-obra e os equipamentos de ordenha.
Observados esses itens, podemos esperar uma boa produção de leite e qualidade almejada, maior longevidade de produção do rebanho e lucro também.
O manejo de ordenha começa quando os animais ainda estão no piquete. Devemos condicionar as vacas a estarem sempre em movimento, visando uma maior facilidade na hora da extração do leite. Esse condicionamento deve ser feito sem gritos ou agressões físicas, atendendo assim o bem estar animal.
Especial atenção deve ser dada também ao ordenhador, que deve ser uma pessoa calma e de boa índole, pois geralmente a produção de leite depende dessa pessoa.
Ao colocarmos a ordenhadeira mecânica nos animais não devemos demorar mais de um minuto, também não devendo demorar para a retirada da mesma, evitando traumas no úbere do animal.
Manejo de ordenha (principais atividades):
- Condução dos animais ao local de ordenha (conduzir os mesmos de forma tranqüila e sem estresse);
- Espera da ordenha (recebimento de alimentação, geralmente um concentrado);
- Limpeza do animal (atualmente em desuso);
- Remoção dos primeiros jatos de leite (esse leite está armazenado nas cisternas da teta da vaca, apresentando grande contaminação);
- Colocação das teteiras;
- Aplicação de antisséptico protetor;
- Soltura dos animais nos piquetes;
Observando esses simples conceitos, o produtor aumenta sua lucratividade e a qualidade do seu leite, além de propiciar o bem estar de seus animais e a conformidade com as atuais práticas de produção.
EQUINOCULTURA
Equinocultura é a parte da zootecnia especial que trata da criação de equinos. Normalmente não tem como finalidade a produção de alimentos, embora esse também seja um ramo explorável.
Os cavalos normalmente são criados para serem vendidos e/ou ensinados e em raros casos são usados para a produção de alimentos, já que a carne de cavalo é pouco consumida.
O cavalo é membro da mesma família dos asnos e das zebras, a dos eqüídeos. Todas as sete membros da família dos equídeos são do mesmo gênero Equus, podendo relacionar-se entre si e produzir híbridos como as mulas. – O cavalo tem quatro longas patas, são perfeitamente adaptados a diversos esportes e jogos, como corrida, pólo, provas de equitação e até na equoterapia (recuperação da coordenação motora de certos deficientes físicos). – Os cavalos usam uma elaborada linguagem corporal para se comunicarem uns com os outros. Vivem em torno de 25 a 30 anos.
Em 1493 quando realizou sua segunda viagem à ilha de São Domingos, Cristóvão Colombo introduziu o cavalo na América. – No Brasil o cavalo foi introduzido em três momentos: a primeira leva veio em 1534, na Vila de São Vicente; a segunda em Pernambuco, em 1535; a terceira, na Bahia , trazidos por Tomé de Souza.